Brasil adentro, mundo afora, viajar já era nossa paixão desde o início de namoro. Quando as crianças nasceram, os horizontes se ampliaram e a paixão aumentou.
Aumentou a paixão e o desafio. Viajar com crianças, em essência, não é muito diferente de viajar sem., mas é mais complexo.
São mais malas, passaportes, carrinhos, mochilas… Dificuldades que se resolvem com planejamento. O maior desafio mesmo é manter o bem de estar das crianças. Se elas estão bem, todos estão. Tudo flui. A chave do sucesso é focar nelas.
Tem também as suas facilidades, como as filas preferenciais que são uma mão na roda. Na Ásia, de forma geral, elas funcionam bem. No aeroporto de Bangkok, onde as filas costumam ser gigantes, é possível economizar umas boas horas em check-in, raio x e imigração.
Economicamente, tem quem diga que é jogar dinheiro fora, que as crianças não vão lembrar de nada. E tem quem diga que passagem colo, com os seus 90% de desconto, é um ótimo investimento.
JP carimbou o passaporte pela primeira vez aos seis meses na África do Sul. KK aos oito meses no México. Viajamos depois de terem tomado as principais vacinas e da liberação do pediatra. Ele, que segue uma linha mais naturalista, não só liberou cedo, como incentivou. Isso nos deu segurança. Investimos em passagens colo até o limite dos 23 meses e 29 dias.
No avião
A distância é um grande desafio. Partindo do Brasil não tem como chegar na Ásia, sem ter de enfrentar pelo menos um voo de 10 a 14 horas. Em geral, são dois, um mais longo de até 14 horas, e outro de 8. Com criança o desafio é maior.
Mas ainda que esteja preso na cabine de um avião, dá para criar condições favoráveis e tirar o melhor proveito possível do tempo. Basta um pouco de planejamento e resiliência.
Assentos
Sentar todo mundo junto é a primeira condição. Não tem conversa, as crianças precisam da da companhia dos seus pais. Em muitas empresas aéreas reservas com crianças podem fazer pré-marcação gratuita de assentos contíguos. Mas sempre tem aquelas non-sense, que conseguem botar as crianças longe dos pais, parece cômico, mas é real. E aí, você vai ter de contar com a boa vontade da tripulação para fazer trocas. No final sempre dá certo, ninguém quer deixar uma criança sentada sozinha entre desconhecidos. Mas este stress inicial é bem desnecessário.
Pressão no Ouvido
A pressão e dor nos ouvidos na decolagem e pouso pode ser muito incômoda. É resultado da pressurização da cabine, que na decolagem diminui gradualmente e no pouso aumenta. Para equalizar a pressão interna dos ouvidos, é preciso deglutir ou bocejar.
Se a criança ainda mama, decolar e pousar com ela no peito é a melhor forma de reduzir o incômodo. Importante iniciar o processo antes da criança começar a sentir dor. Depois do taxiamento, quando o avião estiver pronto para decolar, já coloque ela no peito. Quando o piloto avisar que está próximo do pouso faça o mesmo. Quando as crianças já estão maiores, água, suco, bala ou chiclete resolve fácil.
Refeição
De econômica, executiva ou primeira classe, sempre existe o risco da comida não agradar o paladar das crianças. Se previna, sem ter vergonha de ser feliz. Muito pior do que um bullying de farofeiro, é uma criança chorando de fome.
Leve comida que você tem certeza de que elas gostam. É uma coisa simples, e reduz muito o risco de stress. Na maioria das nossas viagens a reação das pessoas foi mais de admiração do que reprovação. As comissárias não só apreciavam o nosso cuidado com as crianças, como sentiam alívio, e se mostravam mais simpáticas e prestativas.
Passando o tempo
Viagem de avião para uma criança pode ser uma experiência maravilhosa, assim como um caos. 14 horas são muitas horas. Tirar o melhor proveito possível do tempo é tudo. A tecnologia ajuda muito. Celulares, tablets e a tela do avião podem consumir um bom tempo. Se for voo noturno, uma sonequinha consome mais uma boa parte, mas ainda assim vai sobrar muito tempo.
Se as crianças ainda usam fralda, faça da troca um momento de diversão e meditação. Deixe elas explorarem o banheiro, apertar todos os botões, acender e apagar a luz, abrir e fechar o arzinho. Depois faça a troca na maior calma possível, o tempo vai passar que você nem vai perceber.
Passear com elas pelos corredores é outra atividade que ajuda a passar o tempo de forma prazerosa. Nos voos costumam ter mais pessoas que gostam de crianças do que ao contrário. Elas acabam ajudando a passar o tempo dessas pessoas também. JP e KK sempre foram crianças expansivas que conquistavam as comissárias num único sorriso. Muitas vezes as comissárias assumiram essa missão de passear com elas, enquanto relaxávamos com uma cervejinha.
Farmácia
Algum medicamentos são básicos. Consulte o pediatra para montar sua farmácia de viagem. Fazemos sempre duas necessaires, uma de bordo com medicamentos de alívio imediato como analgésicos, antitérmicos, relaxante muscular e para enjoo. Na bagagem despachada levamos outra necessaire com os mesmos medicamentos, mais aqueles que esperamos não ter de usar na viagem, mas por segurança estão lá. Soro fisiológico a bordo é muito útil também, levamos ampolas de 5ml de dose única. Ajuda todo mundo a dormir bem.